quarta-feira, 29 de junho de 2011

SÃO SEBASTIÃO - ZÉ PACHECO USA SÃO PEDRO PARA CALOTAR A ILUNINAÇÃO PÚBLICA

Hoje, no Brasil, comemora-se o Dia de São Pedro, o Porteiro de Céu, na visão católica. Em São Sebastião, município da região Agreste alagoana, localizado à margem esquerda da BR-101, no sentido Sergipe Maceió, a cerca de 135 quilômetros desta, comemoram-se também alegres festejos juninos.

Mas não é só!

Relembra-se uma tristeza, representada por um renovado desrespeito e “(des)Compromisso Com o Povo” da Terra das Rendas.

Em 2010, exatamente nessa data, o prefeito Zé Pacheco e a Câmara Municipal deram um péssimo “presente” à população.

Faz UM ano que 7 vereadores e uma vereadora reaprovaram a cobrança de mais um tributo municipal: a Contribuição Sobre o Serviço de Iluminação Pública (COSIP), cujos extorsivos valores passaram a ser cobrados, a partir de maio de 2011.
Todavia, o retorno da cobrança da COSIP trouxe ao conhecimento da população são-sebastiãoense: mais um calote do prefeito Zé Pacheco, com a conivência dos vereadores e da vereadora.

Mais esse calote do prefeito Zé Pacheco é representado pelo não-pagamento da conta da iluminação pública de São Sebastião, causando imenso prejuízo à população, que o elegeu por três vezes.

O calote decorre do não-pagamento do consumo de energia elétrica, usada na iluminação pública, no período de janeiro de 2005 a abril de 2011.

Nesse longo período, o prefeito Zé Pacheco nunca pagou uma conta, apesar de sobrarem milhões todos os anos.

O astronômico calote, de janeiro-2005 até abril-2011, já soma R$3.419.263,50, segundo a Eletrobrás. Esse milionário calote faz a população pagar, além do valor do consumo para a iluminação: R$2.534.719,30, mais dois valores: o da multa, que já soma R$69.411,13 e o do juros, que já soma R$815.133,07. Os três valores: consumo, multa e juros de mora totalizam R$3.419.263,50.

Se os vereadores e a vereadora agissem, fiscalizassem, esse prejuízo de R$884.544,20 (a soma dos juros de mora e da multa) à população não acontecia, pois as prestações de contas não seriam aprovadas e, portanto, o prefeito Zé Pacheco seria responsabilizado pelo prejuízo que causa a todos nós e não só ao seu eleitorado.

Mas...

Apesar da omissão de parte da Câmara Municipal, se alguém agir, o prefeito Zé Pacheco ainda poderá ser penalizado. Essa penalização poderá atingir aos vereadores e à vereadora, pela prática do crime de omissão, em razão do descumprimento do dever funcional de fiscalização ou mesmo por infração político-administrativa, em virtude do descumprimento do dever político de bem atuar.

Alguém agirá?

> José Paulo do Bomfim – reside em São Sebastião; atua como ativista do Fórum de Controle de Contas Públicas em Alagoas; texto escrito em junho/2010 e atualizado em junho/2011; fcopal@bol.com.br; www.fcopal.blogspot.com

sábado, 18 de junho de 2011

BRASIL PERDE ABDIAS DO NASCIMENTO

O Brasil e, no particular, o movimento negro brasileiro perderam uma das pessoas que honrou a nossa afrodescendência: Abdias do Nascimento.
O negro Abdias nascimento nasceu no interior paulista, Franca, em 14/03/1914 e tornou-se um dos cientistas sociais que mais abrilhantaram a galerias dos heróis populares brasileiros.
Como ativista social e político, comprometido com a transformação social, Abdias participou ativamente de diversas lutas. Foi deputado federal e senador. Faleceu em 24/05/2011.
Acredito que qualquer militante social e político popular está triste com a perda, mas consciente e renovado para a luta por igualdade social e política.

BRASIL PERDE ABDIAS DO NASCIMENTO

O Brasil e, no particular, o movimento negro brasileiro perderam uma das pessoas que honrou a nossa afrodescendência: Abdias do Nascimento.
O negro Abdias nascimento nasceu no interior paulista, Franca, em 14/03/1914 e tornou-se um dos cientistas sociais que mais abrilhantaram a galerias dos heróis populares brasileiros.
Como ativista social e político, comprometido com a transformação social, Abdias participou ativamente de diversas lutas. Foi deputado federal e senador. Faleceu em 24/05/2011.
Acredito que qualquer militante social e político popular está triste com a perda, mas consciente e renovado para a luta por igualdade social e política.

A “MÃE” DAS REFORMAS

A imprensa e outros segmentos sempre falam de reformas. Seriam inúmeras, ao menos em pretensão.
Mas...
Qual reforma mais importante?
Sem abstrair-se da importância de cada reforma, “a ‘Reforma Política’ é a mãe de todas as reformas “ para melhorar a estrutura do Estado brasileiro e possibilitar melhor qualidade de vida para todos e todas.
E você, acha o quê ?
A expressão marcada com aspas é da socióloga Maria Victoria Benevides. Grande brasileira que honra os 51% da nossa população, como mulher comprometida com as questões sociais e políticas.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

OLHO D’ÁGUA DAS FLORES2010: DE RENDA PRÓPRIA, QUANTO ARRECADOU? – 2ª Parte

Continuando a entrevista “OLHO D’ÁGUA DAS FLORES2010: DE RENDA PRÓPRIA, QUANTO ARRECADOU? – 1ª Parte”, publicada no blogue do FOCCOPA em http://fcopal.blogspot.com/2011/06/olho-dagua-das-flores2010-de-renda.html e distribuída para algumas lideranças e em alguns locais do Município, a CCF (Comissão de Cidadania de Olho d’Água das Flores) volta a conversar com Paulo Bomfim, um dos Coordenadores do FOCCOPA (Fórum de Controle de Contas Públicas em Alagoas), sobre o tema renda própria de Olho d’Água das Flores. O objetivo dessas entrevistas é informar e esclarecer a população de Olho d’Água das Flores sobre a arrecadação municipal, no exercício de 2010. De início, a CCF agradece as manifestações recebidas da população.
CCF – Na entrevista anterior tratamos da renda própria tributária. Agora, nesta 2ª parte, quais são as outras espécies de receita que compõem a arrecadação da renda própria?
Paulo Bomfim – São as receitas patrimoniais, de serviços, agropecuárias e industriais, já citadas na 1ª parte da entrevista, bem como as receitas de capital.
CCF – Olho d’Água das Flores arrecada dessas atividades? Quais são os valores dessas receitas?
Paulo Bomfim – Arrecada! Quanto a valores leiam essa tabela “II”, que dá uma noção. Ela informa um outro grupo de receitas que não tem origem na cobrança de tributos municipais, mas sim em outras atividades econômicas e financeiras do município. São também chamadas por alguns estudiosos de “receita extratributária própria”.
Tabela II – Renda Extratributária Própria
Receita - espécies - subespécies
2010

Rendas
(receitas)
Extratributárias
Patrimonial (aplicações)
518.753,72
Agropecuária
00,00
De serviços (transporte, escola de informática etc.
00,00
Industrial
00,00
Outras receitas-correntes (JM-CM e DA-T)
18.090,15
De capital (investimentos – venda de bens móveis)
6.299,45
Total da renda extratributária própria anual
543.143,32

CCF – A soma das duas tabelas, dessa e da anterior, constitui o total da renda própria?
Paulo Bomfim – Sim! São os dinheiros arrecadados apenas em Olho d’Água das Flores. Numa consideração mais técnica, apenas esse montante deveria constituir os tais “recursos próprios”, que as placas tanto alertam. Vejam os valores. A bem da verdade, a grande maioria dos municípios tem uma pequena renda própria. Esse é o motivo de muitos dizerem que não deveria haver tantos municípios, pois eles não sobreviveriam apenas de sua própria arrecadação. O Forte da arrecadação são as transferências da União, a grande maioria, e do Estado, em valor bem inferior.
CCF – Por que a arrecadação agropecuária, de serviço e industrial está zerada?
Paulo Bomfim – Para resposta exata há necessidade de se ler a LOA e o respectivo balanço. Mas, acredito que Olho d’Água não desenvolva atividades agropecuária e nem de serviços, menos ainda industrial. Aliás, nenhum município do interior de Alagoas faz isso. As administrações não planejam as suas ações e não cumprem o Plano Diretor. Podemos dizer que a maior parte da legislação que tem foco o planejamento e a sustentabilidade não é cumprida. Esse é um dos motivos da má qualidade de vida municipal e dos péssimos índices que o Estado carrega ao longo de sua história.
CCF – Por que a receita de capital foi tão pequena?
Paulo Bomfim – A receita de capital teve uma arrecadação modesta. Para responder como precisão precisaríamos ter acesso às leis orçamentárias [PPA (Plano Plurianual de Ação), LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), LOA (Lei Orçamentária Anual) e LDA (Lei de Créditos Adicionais), bem como ao balanço municipal de cada exercício. Essa espécie de receita não-tributária de Olho d’Água das Flores foi bem inferior a de outros municípios. No entanto, pode ser algo bom. O patrimônio municipal não estaria sendo vendido absurdamente. Em São Sebastião essas vendas somaram R$157.178,77. Quem tiver acesso à LOA e ao balanço terá a exata resposta.
CCF – E em outros municípios?
Paulo Bomfim – É muito variável. Quando se comparam as informações, tem-se a impressão de uma real montagem de balanços. Entre os municípios que estiveram no IV SOBAM, recordo-me que Piranhas, Monteirópolis e Craíbas não tiveram receita de capital alguma. Igaci teve bastante. Palestina e Jacaré dos Homens nada informaram.
CCF – Mas a renda patrimonial em todos eles tem sido grande. Por quê? O que compõe a receita?
Paulo Bomfim – Têm! Porque os municípios têm altos recursos e aplicam os dinheiros no mercado financeiro, apesar dos vereadores e prefeitos ficarem calados. A receita patrimonial é composta por “receitas imobiliárias”, que seriam aluguéis, arrendamentos etc.; “receitas de valores mobiliários”, que seriam rendimentos de aplicações financeiras, dividendos e participações acionárias, compensações financeiras etc.
CCF – Por que se fala tanto que Olho d’Água das Flores tem muito Dinheiro?
Paulo Bomfim – E tem! É um dos municípios mais ricos dos sertões de Alagoas. Além de uma renda-própria, que não é tão pequena, recebe bastante dinheiro do Estado e da União. A tabela “III” mostra a arrecadação própria total de Olho d’Água das Flores. Observem que ela aparenta pequena, mas foi maior do a de Piranhas, Monteirópolis ou Delmiro Gouveia.
Tabela III – Renda-própria total
Receita (renda)
2010
Tributária
1.530.312,54
Extratributária
543.143,32
Total da renda-própria anual
2.073.455,86

CCF – Qual o sentido e a percepção dessa divulgação nos municípios ou mesmo em Olho d’Água das Flores?
Paulo Bomfim – Como sentido, o FOCCOPA cumpre a sua função social. Foi articulado para esse fim. A percepção é que prestamos um serviço à população, que já não se deixa enganar. Quando muitos prefeitos e a AMA diziam que os recursos haviam diminuído, muita gente procurou saber se a lorota era verdade. As pessoas ficam muito surpresas quando sabem da existência de tanto dinheiro. Xingam e até dizem “é por isso que roubam e brigam tanto!”. Elas passam a perceber que os municípios são ricos. Porém, em razão das más e reiteradas gestões, a pobreza e a má qualidade de vida da população continuam. Mas... Não é por faltar dinheiro. Além de outros conhecidos fatores, a falta de transparência e de planejamento são fatores importantes.
CCF – Tem alguma tabela fazendo comparação da renda própria entre os municípios?
Paulo Bomfim – Não! Mas vamos acatar a sugestão. Acho que isso é algo muito importante pois assim a população pode também comparar o porquê cada administração age de alguma forma e se sai melhor nos aspectos administrativos.
CCF – Essas atitudes de prefeituras e de câmaras em não cumprirem a legislação, têm alguma punição? Como fazer?
Paulo Bomfim – Poderão ter. Depende da mobilização da sociedade e das ações de cada Promotoria de Justiça, bem como do Tribunal de Contas Estadual. No entanto, como vocês sabem, a atuação do MPE depende muito da ação individual de cada Promotor de Justiça. Olho d’Água das Flores teve uma recente boa atuação do Dr. Luiz Tenório, junto com o GECOC. A Operação Primavera ainda está “enrolada” e “não vai dar em nada”. Não foi esse sentimento que a gente viu lá no Seminário? O TCE, sinceramente, sofre da síndrome dos “3i”: ineficiência, ineficácia e inefetividade. Fórum e a CCF estiveram na Corregedoria de Justiça, solicitando também rapidez no Judiciário. A cultura, infelizmente, é procrastinar para se conseguir a impunidade, via a incidência da prescrição. Vocês sabem que no Fórum a gente debate que os maiores construtores da impunidade são o TCE, MPE e Judiciário. Em uma das edições do Seminário, politicamente falando, o Edi Paulo disse que “a impunidade é de responsabilidade das cúpulas”. É triste!
CCF – Paulo Bomfim, muito obrigado. Depois poderemos fazer outra entrevista sobre as transferências do Estado e do Governo Federal. Elas são realmente altas?
Paulo Bomfim – Em nome do FOCCOPA, obrigado a vocês que prestam um grandioso serviço à população de Olho d’Água das Flores. Desde 1998, tenho acompanhado alguns aspectos desse Município. Se a situação não é das melhores, cabe à população agir. Dinheiro não falta. Em 2010, a arrecadação municipal girou em mais de R$26 milhões. Exatos R$26.477.730,58. No entanto a movimentação financeira total beirou a quase R$40 milhões. O imeio do Fórum é fcopal@bol.com.br e o blogue é fcopal.blogspot.com. Estamos à disposição!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

OLHO D’ÁGUA DAS FLORES2010: DE RENDA PRÓPRIA, QUANTO ARRECADOU? – 1ª Parte

Atendendo a reivindicações da população e de lideranças de diversos segmentos sociais de Olho d’Água das Flores, em razão de a prestação de contas não estar na Câmara Municipal e na Secretaria Municipal de Finanças, à disposição da sociedade, como determinam as normas de transparência administrativa e de participação popular, o FOCCOPA (Fórum de Controle de Contas Públicas em Alagoas), em parceria com CCF (Comissão de Cidadania de Olho d’Água das Flores) e com o PT (Partido dos Trabalhadores), divulga dados sobre a arrecadação desse Município no exercício de 2010.
A entrevista acontece após a participação de lideranças das entidades mencionadas no IV SOBAM (Seminário sobre Orçamentos e Balanços Municipais), realizado em Monteirópolis, em 20/03/2011. O SOBAM repassou à população e a lideranças informações sobre arrecadação municipal em diversos municípios da região, que se fizeram presentes, por intermédio de lideranças de diversos segmentos sociais. A divulgação de valores arrecadados tem causado muitos comentários e pedidos de informações, que dentro das possibilidades o Fórum atende.
A não-disponibilização e a não-publicidade da prestação de contas à população violenta a própria Lei Orgânica Municipal (LOM), além de normas jurídicas nacionais e estaduais. No entanto, nota-se uma clara omissão do TCE (Tribunal de Contas Estadual) e da própria Promotoria de Justiça, que não atuam no sentido de fazerem o Município de Olho d’Água das Flores cumprir a legislação e, assim, dar condições de a sociedade efetivar o seu controle. Enfim, o controle social institucional falha e colabora decididamente para que o Município, por via transversa, impeça o controle social popular.
Em razão da não-disponibilidade e da não-publicidade da prestação de contas, ao menos o seu sintético balanço, os números ora divulgados podem divergir um pouco do resultado real, mas foram divulgados pelo Estado e pela União, em seus saites, na internete. Portanto, quando a sociedade tiver acesso à prestação de contas ou mesmo só ao Balanço Municipal de 2010, os valores podem sofrer mudanças, mesmo pequenas.
Nesse texto, a metodologia utilizada será a de perguntas e respostas. Ideia sugerida pelos editores do saite Oxentenews, quando da realização do II SOBAM no município de Coruripe, em 5 de dezembro de 2010. Aproveitando diversos aspectos, quanto a perguntas e a respostas, de entrevistas anteriores, esta amplia informações à população em geral e, em especial, aos seus leitores e leitoras, continuando o debate com Paulo Bomfim, representando a Coordenação do FOCCOPA.
CCF - De onde vêm os dinheiros de cada município brasileiro, especialmente Olho d’Água das Flores?
Paulo Bomfim - A arrecadação municipal vem das chamadas fontes de financiamento: receitas próprias, geradas no próprio Município, e receitas transferidas pelos governos Estadual e Nacional. Os dinheiros da União, estados, Distrito Federal e municípios decorrem da cobrança de tributos que cada um faz e da repartição do resultado da arrecadação desses tributos pelo Estado e pela União com o Município. De regra, são receitas tributárias. Contudo, podem ter origem em outras atividades que não as tributárias, tais como receitas patrimoniais, industriais, de serviços e agropecuárias, além de receitas de capital.
CCF - Como destrinchar essas espécies de receitas?
Paulo Bomfim – Tributárias são as rendas que têm origem na cobrança das três classes de tributos municipais: impostos, taxas e contribuições. Os impostos municipais são: IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) e ITBI (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos Reais sobre Imóveis entre Pessoas Vivas). Entra na composição de receita tributária o IR (Imposto sobre Proventos e Rendimentos de Qualquer Natureza – “imposto de renda”) de trabalhadores municipais. Esse imposto é cobrando pela União e integralmente repassado para o respectivo município. As taxas, que são oriundas do exercício do “poder do polícia” (fiscalização) e da Prestação de serviços. Tem as contribuições, que são “de melhoria”, econômicas ou sociais.
CCF - Mas, como saber os respectivos valores e quanto somam?
Paulo Bomfim – Com ainda poucas exceções, as prefeituras e as câmaras municipais não cumprem as constituições, Estadual e Nacional, a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), o ESCI (Estatuto da Cidade) e a LOM (Lei Orgânica Municipal), além de outras normas que norteiam os princípios da publicidade e da transparência. Portanto, não é fácil saber cada um dos valores, bem como o montante da arrecadação. Os valores estão fixados na LOA (Lei Orçamentária Anual), mais conhecida por “orçamento” e no BM (Balanço Municipal), documentos que não são mostrados ao povo. Todavia, o Governo Nacional, através da STN (Secretaria do Tesouro Nacional) informa praticamente todos os dados e aí, mesmo com as omissões da prefeitura e da câmara, pode-se saber quais são os atualizados valores de cada um e o montante da arrecadação. A falta de transparência da administração é total, como se pode observar na não por acaso desatualização da página do município de Olho d’Água das Flores na internete, como foi dito no Seminário. A página sequer informa sobre as leis municipais. Menos ainda sobre as leis orçamentárias e sobre a prestação de contas. Um absurdo!
CCF – Falam em receitas transferidas, receitas próprias, recursos próprios. Qual a distinção entre elas?
Paulo Bomfim – Dá prá fazer! Receitas transferidas são os dinheiros que vêm dos governos, Estadual e Nacional. É o sistema de repartição tributária. Essa repartição da arrecadação tributária gera os chamados repasses ou transferências. Estas são constitucionais, quando determinadas pela Constituição; são legais, quando fixadas em leis nacionais e estaduais; e voluntárias, quando oriundas dos convênios. Os recursos ou receitas ou rendas próprios podem ser confundidos. Aliás, as gestões adoram fazer isso. Quem já não leu a frase: “adquirido com recursos próprios”. Numa interpretação técnica, isso não é verdadeiro. Com a expressão “recursos próprios” querem dizer que aquilo foi feito com dinheiro produzido no próprio município. É algo enganador! Recursos ou receitas próprios são a soma de tudo que entra no cofre municipal, seja de produção própria ou de transferências dos governos, Estadual e Nacional. Agora o conceito de renda-própria engloba somente os dinheiros produzidos no próprio município. Renda-própria é a soma da arrecadação dos tributos (receita tributária), receita patrimonial ou receita de capital, dentre outras espécies de receitas.
CCF – Qual foi, então, a renda tributária própria de Olho d’Água das Flores em 2010, vez que a 2009 foi informada durante o IV SOBAM?
Paulo Bomfim – Os valores de 2010 estão nesta tabela “I”. Observem que a tabela produzida pelo Fórum trata das chamadas receitas tributárias ou rendas tributárias próprias, pois os valores têm origem na cobrança dos tributos municipais.
Tabela I – Renda Tributária Própria
Tributos - espécies - subespécies
2010



Tributos
do
Município
Imposto – IPTU
23.828,55
Imposto – ISS
258.375,89
Imposto – ITBI
55.879,62
Imposto – IRRF (servidores)
290.587,79
Taxa – de poder de polícia
53.565,55
Taxa – de prestação de serviços
00,00
Contribuição – de melhoria
00,00
Contribuição – social (PREVIDÊNCIA)
799.578,31
Contribuição – econômica (COSIP)
48.496,83
Total da renda tributária própria em cada ano
1.530.312,54

CCF - Por que a taxa de prestação de serviços, bem como a contribuição de melhoria estão zeradas?
Paulo Bomfim – Bem... A de melhoria. Como na maioria dos municípios é não é cobrada. Não tem lei municipal que a criou. Ela serve para compensar ou recuperar o valor de despesas municipais, que valorizaram diretamente o patrimônio de cada um, em razão da utilização de recursos municipais, apenas em obras para uma parte da população. A taxa de prestação de serviços não foi arrecadada, possivelmente, por o Município não desenvolver nenhum serviço à população. No entanto, a resposta certa está na LOA e no BM, daí porque esses documentos são escondidos pela Prefeitura e Câmara. Não sei se essa é a realidade de Olho d´Água das Flores, mas o é na maioria dos municípios que visitamos.
CCF – E o valor da contribuição econômica?
Paulo Bomfim – Sem a LOA e o BM não dá para falar com certeza. Mas acredito que essa contribuição econômica seja o resultado da cobrança da Contribuição do Serviço de Iluminação Pública, apelidada de COSIP. Com esse valor, que já deve ter sofrido o desconto do consumo municipal da iluminação pública, o serviço de iluminação tem que estar perfeito. Em São Sebastião, a conta da iluminação pública fica em torno de R$31 mil mensais. Aqui só com o acesso à prestação de contas.
CCF – Algo notado pelos participantes do Seminário é que a renda tributária própria entre os diversos municípios é bastante variável. Em uns, determinados valores são altíssimos e em outros municípios, os mesmos valores são baixíssimos. Por quê?
Paulo Bomfim – Realmente! E metam disparate nisso. É uma comparação necessária. No Fórum, bem como em algumas outras entidades, a gente debate e entende que há fraudes legislativas na aprovação da LOA e montagens dos balanços municipais por prefeituras e câmaras. Numa economia equilibrada, normalmente não há como ter tanta diferença.
CCF – Será por isso que eles escondem as leis orçamentárias e a prestação de contas?
Paulo Bomfim – Com certeza! Diz o poeta que o bonito é pra se ver e o feio a gente esconde. Quando e por que alguém esconde algo? No mínimo, quando está errado ou até quando é apenas feio. Nada, ou muito dificilmente, que seja correto e bonito a gente esconde, diz o jurista italiano, Gustavo Zagrebelsky. Se políticos divulgam mentiras e o que não fazem, ou mesmo quando fazem errado, com certeza, não esconderiam as ações municipais e legislativas corretas. Essa é a percepção dos participantes e do Fórum. E de muita gente, mesmo quando não debate publicamente, por qualquer motivo.
CCF – Mas, por que em um mesmo município e em um exercício, um determinado tributo arrecada um valor imenso e em outro ano arrecada tão pouco ou mesmo nada?
Paulo Bomfim – Podem ser vários fatores. No entanto, o aspecto principal é a fraude, Esta a gente do FOCCOPA traduz como “a montagem dos números” ou simulação, tanto no momento de aprovação das leis orçamentárias como no momento de elaboração dos balanços.
CCF – Para você qual o sentimento dos participantes sobre os governos que montam números?
Paulo Bomfim – Acho que, no limite da decência, é de perplexidade. Agora, ainda aproveitado a lição de Zagrebelski, poderíamos dizer: (consulta o livro) “O governo que impede os cidadãos de conhecer e de participar das despesas públicas e da redistribuição da riqueza através do sistema fiscal e da transparência administrativa, tendo em vistas objetivos de justiça social, está se comportando como um ladrão, como um batedor de carteiras ou já o é.” O professor Zagrebelsky combate fortemente a administração de Sílvio Berlusconi, na Itália.
CCF – A contribuição social em exercícios anteriores não aparecia. Por quê?
Paulo Bomfim – Para uma resposta precisa, falta o acesso à LOA e ao BM. Mas, a contribuição previdenciária é descontada dos salários dos servidores municipais e antes o montante deveria está sendo repassado para o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), mais conhecido como INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). Recentemente, o Município criou o RPPS (Regime Próprio de Previdência Social), com isso o dinheiro não foi mais repassado para o RGPS e ficou no RPPS. Daí o valor começa aparecer. Acho que é isso. É importante saber que o gestor que descontar a contribuição dos salários dos servidores e não repassar ao RPPS ou mesmo ao RGPS, está praticando o crime de apropriação indébita previdenciária. Mas o pior é que muitos municípios fazem isto, como já ocorreu em São Sebastião. O perigo está em o prefeito desviar os recursos previdenciários é causar dificuldade ou até impedir o próprio servidor ou seus dependentes ou pensionistas receberem benefícios previdenciários no futuro. No entanto, cabe aos próprios servidores e à Câmara Municipal fiscalizarem. Se houver fiscalização, a história poderá ser outra.
CCF – Na próxima parte da entrevista debateremos sobre outras espécies de arrecadação própria. Por ora, obrigado.
Paulo Bomfim – Tudo bem. Obrigado a CCF. Essas comissões são importantíssimas. Gosto sempre de informar o imeio: fcopal@bol.com.br e o blogue:fcopal.blogspot.com.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

CONSOCIAL - ALAGOAS CONVOCA CONFERÊNCIA ESTADUAL SOBRE TRANSPARÊNCIA E CONTROLE SOCIAL

O Diário Oficial do Estado de Alagoas publicou nesta quarta-feira (1/6) o decreto que convoca a 1ª Conferência Estadual sobre Transparência e Controle Social. O Decreto nº 13.762, de 31 de maio de 2011, marca para o dia 30 de março de 2012 a realização da Conferência de Alagoas, que escolherá delegados para a etapa nacional da 1ª Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social (Consocial), prevista para ser realizada entre os dias 18 e 20 de maio de 2012, em Brasília.
O objetivo principal da conferência é promover a transparência pública e estimular a participação da sociedade no acompanhamento da gestão pública, contribuindo para um controle social mais efetivo e democrático que garanta o uso correto e eficiente do dinheiro público.
A conferência estadual tem como tema “A sociedade no acompanhamento da gestão pública” e será presidida pela Controladoria-Geral do Estado (CGE). Uma comissão organizadora a ser escolhida por portaria da CGE será a responsável pela organização e coordenação do evento.
A controladora-geral do Estado, Rosa Tenório, destacou que o Estado de Alagoas está preparado para fazer um bom debate sobre o assunto. “Será uma excelente oportunidade para a sociedade conhecer e aperfeiçoar os mecanismos de controle interno da gestão pública no nosso Estado. A experiência de Alagoas, cujo Portal da Transparência engloba os três poderes, é uma afirmação de que estamos prontos para levar propostas bem sucedidas para o plano nacional”, declara.
De acordo com o calendário nacional, as conferências municipais devem ser convocadas entre 4 de julho e 2 de setembro de 2011 pelo poder executivo local, devendo ocorrer entre 25 de julho e 13 de novembro deste ano. Os municípios encaminharão propostas e escolherão delegados para a etapa estadual.
Fonte: com informações da Assessoria de Comunicação Social da CGU