Com as informações financeiras passadas pela Secretaria do Tesouro Nacional, o Foccopa (Fórum de Controle de Contas Públicas em Alagoas) sintetiza a mesmas e as divulga à população. Com a divulgação dessas informações a população passa a refletir sobre a veracidade das mesmas e dos gastos municipais do Município. O “custeio da máquina” municipal é apresentado de várias formas para possibilitar à população e a entidades exercer a fiscalização e efetivar o chamado controle social popular. Os diversos aspectos do mau uso do dinheiro municipal é a causa do empobrecimento e sofrimento da população e do enriquecimento de muitos desonestos, que apesar da desonestidade são tidos por “espertos”, no sentido de que seriam inteligentes.
Neste texto, o Foccopa apresenta os valores empregados no custeio da gestão municipal, por cada função administrativa, em 2011. Essas informações devem ser divulgadas à população e até mesmos apenas aos filiados por qualquer entidade, inclusive os partidos políticos, como forma de empoderar a sociedade e a lideranças dos diversos segmentos sociais.
Por que as entidades e partidos não o fazem é a grande interrogação? Omissão que gera desconfiança ou mesmo certeza, quanto à má qualidade da atuação de cada diretoria.
A apresentação dos valores gastos pela gestão municipal, por função administrativa, tem como objetivo dar uma ideia geral sobre as prioridades das políticas públicas e indicar quem seriam os beneficiados e quem seriam os prejudicados pela aplicação dos recursos municipais.
Tem-se alguma prioridade no sentido de investir nas políticas públicas que mais beneficiem à população?
Os gastos
apresentados correspondem à realidade municipal? Por exemplo, os gastos com
esporte e lazer são verdadeiros? Existe comprovação sobre estas despesas? Analise como o dinheiro foi gasto ou repassado pela
Gestão do Executivo. Na tabela estão as despesas efetivamente realizadas pela
gestão santanense. A exatidão dos valores pode ser verificada no balanço de 2011,
que deve ficar à disposição da população o ano todo, na Secretaria Municipal de
Finanças e na Câmara Municipal. Se não estiver procure a Promotoria de Justiça
ou a Defensoria Pública. Compare, reflita e debate se as condições sociais não poderiam
estar bem melhor no seu Município.
Tabela VII – gastos municipais, por função de governo
Funções (ações)
de governo
|
Exercício financeiro
|
|
2010
|
2011
|
|
Legislativa
|
1.379.879,26
|
1.459.530,58
|
Essencial à
Justiça
|
00,00
|
00,00
|
Administração
|
3.967.051,33
|
4.752.733,20
|
Defesa
Nacional
|
4.822,25
|
8.034,30
|
Segurança
Pública Municipal
|
00,00
|
00,00
|
Assistência
Social
|
1.924.909,53
|
1.823.266,35
|
Saúde
|
21.807.404,73
|
31.200.653,44
|
Trabalho
|
00,00
|
00,00
|
Educação
|
18.162.300,43
|
20.554.080,64
|
Cultura
|
581.630,02
|
761.019,21
|
Promoção da
Cidadania
|
00,00
|
00,00
|
Urbanismo
|
3.988.638,67
|
4.236.817,76
|
Habitação
|
00,00
|
00,00
|
Saneamento
|
00,00
|
00,00
|
Gestão
Ambiental
|
00,00
|
00,00
|
Ciência e
Tecnologia
|
00,00
|
00,00
|
Agricultura
|
844.723,89
|
1.020.159,55
|
Organização
Agrária
|
00,00
|
00,00
|
Comunicação
|
00,00
|
00,00
|
Energia
|
1.169.786,61
|
951.755,75
|
Transporte
|
303.549,28
|
367.627,47
|
Desporto e
Lazer
|
3.900,00
|
4.849,00
|
Turismo
|
00,00
|
00,00
|
Analisando-se
os dinheiros gastos pela Prefeitura, percebe-se que a LOA não foi cumprida. Portanto,
a gestão municipal cometeu crime e deveria perder o mandato, assim o dizem as
constituições, Nacional e Estadual, bem como o Decreto-lei 201 e a lei de
improbidade administrativa, além de outras normas. Por que elas não são aplicadas?
Estas
normas dizem ser crime de responsabilidade o não cumprimento da lei
orçamentária. Logicamente, se a arrecadação for igual ou superior à determinada
pelo Legislativo quando da aprovação da LOA. O orçamento, como lei que é,
iguala-se às demais normas. Deve ser cumprida ou, então, claramente, deve se
estabelecer a opção política pela desobediência civil, em razão de sua
ilegitimidade e, portanto, injustiça e não apenas o seu grave descumprimento.
Para
muitos estudiosos, a LOA é a lei mais importante do Município e deveria obter
uma das maiores atenções da sociedade. É por ela que se divide o “bolo” e, por
isso, é sempre escondida, até por determinados opositores de cada governo.
Construir
a justiça orçamentária é construir a igualdade social, possibilitando melhorar
qualidade de vida para todos e promover a desconstrução de uma sociedade
classista e de privilégios para alguns muito poucos. No entanto, o Ministério
Público, Tribunal de Contas e a própria Defensoria Pública estaduais praticamente
não atuam por iniciativa própria ou, como se diz em juridiquês: ex officio,
para combater as irregularidades da gestão, inclusive o descumprimento formal e
material da LOA.
Considerando-se
os valores gastos pela Prefeitura, percebe-se que a situação de viver e de
conviver da população santanense não está amparada nos princípios do Bem Viver
e da vida com qualidade.
Para
você saber os detalhes sobre cada gasto municipal deve ter acesso à LOA e ao
respectivo Balanço. Cada vereador tem uma cópia desses documentos. O que disser
que não tem está mentindo. Aliás, para ajudar a esconder os estranhos gastos e
a quantidade do dinheiro é muito comum um parlamentar seu amigo dizer que
“nunca” viu esses documentos. Não cai no engodo.
O
Foccopa e as demais entidades que o compõe entendem que muitas LOA e os
respectivos BM são montados para dar a aparência de legitimidade e de
legalidade. Quando se comparam os gastos e a arrecadação entre os exercícios
financeiros, percebe-se que existem muitas variações, sendo algumas delas
absurdas. Quando se comparam as LOA e os respectivos BM entre municípios do
mesmo porte socioeconômico, arrecadação e região, nota-se também inúmeras
diferenciações, que indicam a montagem dos documentos, com o objetivo de
dissimular irregularidades e justificar a saída do dinheiro.
Nesse
caso santanense, muito dificilmente a Prefeitura conseguir comprovar a
legitimidade e a legalidade de muitos gastos. Você acredita que o gasto com a
função cultura seria correto? Como se gastou tanto com a função desporto e
lazer? Justifica-se e estão corretos os gastos com turismo? Se os gastos com
assistência social fossem totalmente legítimos e legais, a situação de Tapera
estaria bem melhor?
Uma
das dificuldades para se fazer o controle social popular é o fato de cada um de
nós sempre atribuir o direito-dever de fiscalizar ao outro. A nossa opção
política-cidadã pela omissão ou conivência ou mesmo participação resultam
também na má qualidade de vida, no sofrimento e no empobrecimento de cada um de
nós.
A
questão é sair do “armário’ e debater publicamente a construção ou melhorias
das políticas públicas municipais. Topas?
Esta matéria foi publicada no blogue do
Foccopa. Mais informações podem ser obtidas no imeio, abaixo informado.
>Produção: Foccopa (Fórum de Controle de Contas
Públicas em Alagoas); Texto: José Paulo do Bomfim – integrante do Foccopa, da
Ongue de Olho em São
Sebastião e do PT, em São Sebastião –
imeio:fcopal@bol.com.br - blogue:www.fcopal.blogspot.com; Texto escrito em
10/05/2012
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