sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A “MARCHA DO SILÊNCIO” FICOU PEQUENA


Terminou a marcha convocada pra 18 de fevereiro, a um mês da morte do fiscal da República Alberto Nisman. A primeira coisa que se pode dizer é que os fiscais e os políticos opositores convocadores, mais Jose Piumato (secretário geral do Sindicato dos Empregados do Judiciário) e a multimídia, como a TN e a CNN em nível internacional, não conseguiram transpor a habitual composição social dos “panelaços” da burguesia e das classes médias altas.

Não se tratou de uma marcha multitudinária e nem popular. O centro de gravidade da marcha esteve marcado pelo pessoal hierárquico do Poder Judicial, em uma assistência que ficou pequena em relação às ambições dos organizadores.

Um número realista sobre a participação é que estiveram presentes cerca de 100 mil pessoas, não mais. Não se compara com o panelaço de novembro de 2012, que encheu não só a Praça de Maio, mas todo o entorno do Obelisco, pela imensa Avenida 9 de Julho.

A realidade, portanto, é que a mobilização não conseguiu transpor outras camadas sociais, ou seja, chegar aos setores populares. Tampouco no interior do país a marcha foi massiva. Houve importantes concentrações, mas não se viveu nenhum panelaço histórico.

Os organizadores, quiçá, se protegem atrás da chuva que atingiu a cidade de Buenos Aires. Mas isto não explica o porquê de no interior tampouco chegar a ser massiva como se esperava. Outro argumento é que estamos ainda nos meses de verão. Mas esta justificativa não resiste à análise, porque os grandes eventos históricos não respeitam o calendário.

Talvez, a razão mais profunda de o movimento ter ficado pequeno seja a limitação do programa que encarna. Os lemas da “marcha do silêncio” cantados pelos manifestantes eram “justiça”, “somos todos Nisman”, “presentes”, e estrofes do hino nacional argentino. Isto não é suficiente para ir mais além das classes médias altas. Nem ao menos para iniciar a “revolução das classes médias”, que segundo Elisa Carrió havia começado.

Outro problema da mobilização foi sua composição geracional: de maneira mais marcada do que nos panelaços, a média de idade foi muito alta, entre 50 e 60 anos, ou talvez pouco menos. Não apenas não houve a participação de setores populares como menos ainda de trabalhadores. Tampouco participaram os jovens, salvo no final da manifestação e de maneira isolada.

A realidade, portanto, é de que o governo teve certo êxito na sua política de polarização a respeito da marcha.
De um lado, estão a pauta abstrata de “República” e a defesa corporativa de uma suposta “independência” do Poder Judiciário. Poder este que é um dos mais oligárquicos, antidemocráticos e atrelados ao passado da ditadura militar.

Do outro lado, está o governo kirchnerista, que se apresenta reivindicando as “conquistas” da última década, como a superação do desemprego de massas. Algo que, na realidade, foi subproduto da rebelião popular de 2001, sob pena de que a Argentina capitalista terminasse explodindo pelos ares.

Mas também temos de advertir que vivemos um fim de ciclo cujo conteúdo massivo é a raiva ao governo Kirchner entre amplos setores populares e de trabalhadores, por conta da precarização das condições de vida: queda do salário real, tendência de aumento do desemprego, imposto sobre o salário e outras reivindicações populares. Contudo, estes sentimentos reais não alimentaram a marcha do dia 18 de fevereiro, entre outros motivos porque essa convocatória não levava em conta, como assinalamos, nenhum apelo ou problema operário e popular.

A situação em torno do caso Nisman colocou uma crise global, onde meteram os dedos setores do imperialismo ianque e do sionismo internacional, em concomitância com a reacionária islamofobia que pregam mundialmente. Mas isto parece não ser suficiente para gerar uma mobilização da sociedade em seu conjunto. O programa reacionário da “República”, abstrato e de reivindicações supostamente “democráticas”, mas de conteúdo igualmente retrógrado, de “fortalecer as instituições existentes”, não comoveu setores mais amplos.

Isto deixa um ensinamento, também, àqueles setores da esquerda que vêm levando adiante uma política “seguidora” dos mandos e desmandos da oposição de direita, como é o caso do Partido Obrero, líder indiscutível da FIT (Frente de Esquerda dos Trabalhadores).

A saída para se levantar à esquerda deve ser independente de todo bando patronal. Para acabar com a impunidade em casos como o atentado à AMIA (Associação Mutual Israelita-Argentina), em 1994, é preciso pautar uma comissão investigadora independente; também há que se pressionar pela dissolução efetiva da ex-SIDE (Secretaria de Inteligência de Estado), e não a sua substituição por um novo mecanismo de inteligência, como a AFI. Ao mesmo tempo, o Poder Judiciário deve ser reformulado de cima a baixo, a fim de liquidar seu caráter de corporação oligárquica.

Porém, mesmo tudo isso não basta. Frente a uma crise que aqui não termina, pois é global, cuja “dialética” seguirá sendo dada pelos golpes e contragolpes no lodo da política patronal, é necessária uma saída realmente democrática: uma Assembleia Constituinte Soberana. Uma saída que combine o apelo contra a impunidade e a luta contra o caráter antidemocrático deste Estado patronal, e sua “democracia” dos ricos, com as reivindicações mais sentidas dos trabalhadores e dos setores populares.

Porque o que está em crise é o ordenamento econômico, social e político do conjunto da Argentina: um ordenamento que só poderá realmente ser mudado pelas mobilizações dos trabalhadores que sejam independentes de ambos os bandos das classes superiores e do imperialismo. Isso é o que tem de ser discutido neste final de ciclo do kirchnerismo.


Escrito por Comunicado de imprensa do Nuevo MAS   
http://www.correiocidadania.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10526:submanchete200215&catid=72:imagens-rolantes

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

SãoSebastião2015-RÁDIO COMUNITÁRIA DIVULGA OS VALORES DE DINHEIROS ENVIADOS PELO FNDE




Curta1-FNDE INFORMOU O VALOR DA PRIMEIRA PARCELA DA QUOTA DO SALÁRIO EDUCAÇÃO QUE REPASSOU PARA ESTE MUNICÍPIO

A autarquia federal Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) informou que o valor da primeira parcela da Quota do Salário Educação foi de R$50.266,36.
O referido valor chegou em 16 de janeiro, através da conta bancária existente no Banco do Brasil, agência de São Sebastião.

Curta2FNDE INFORMOU O VALOR DA PRIMEIRA PARCELA DO DINHEIRO DO PROGRAMA DE ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS QUE REPASSOU PARA ESTE MUNICÍPIO

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) informou que o valor da primeira parcela do Programa Brasil Alfabetizado – Educação de Jovens e Adultos - foi de R$17.469,73.
O referido valor chegou em 4 de fevereiro, através da conta bancária existente no Banco do Brasil, agência de São Sebastião.

Curta3-FNDE INFORMOU O VALOR DA PRIMEIRA PARCELA DO DINHEIRO DO PDDE QUE REPASSOU PARA 34 ESCOLAS DESTE MUNICÍPIO

O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) informou que o valor da sua primeira parcela foi de R$102.554,99.
O referido valor chegou em 5 de fevereiro, sendo depositado na conta bancária de cada escola, existente no Banco do Brasil, agência de São Sebastião.
Nas próximas Curtas da Salomé você ficará sabendo quanto cada escola recebeu.


>Produção: Ongue de Olho em São Sebastião
Contato - Imeio: ongdeolhoss@bol.com.br - Blogue: onguedeolho.blogspot.com
Redação Paulo Bomfim - Conselheiro Municipal de Controle Social em São Sebastião
Fonte: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
Data:11-2-2015

Luis Flávio Gomes: GILMAR MENDES, FLAGRADO, BRINCA COM FOGO



O ministro Gilmar Mendes foi flagrado (por interceptação telefônica autorizada pelo próprio STF) numa conversa com o ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, no dia em que este fora preso em Cuiabá-MT (veja Época 6/2/15). Diz a reportagem que "em 15 de maio do ano passado (2014), o Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria-­Geral da República, autorizou a Polícia Federal a vasculhar a residência do então governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, do PMDB, à cata de provas sobre a participação dele num esquema de corrupção. Cinco dias depois, uma equipe da PF amanheceu no duplex do governador, em Cuiabá. Na batida, os policiais acabaram descobrindo que Silval Barbosa guardava uma pistola 380, três carregadores e 53 munições. Como o registro da arma vencera havia quatro anos, a PF prendeu o governador em flagrante. Horas mais tarde, Silval Barbosa pagou fiança de R$ 100 mil e saiu da prisão. Naquele momento, o caso já estava no noticiário. Às 17h15, o governador recebeu um telefonema de Brasília. Vinha do mesmo Supremo que autorizara a operação".

"Governador Silval Barbosa? O ministro Gilmar Mendes gostaria de falar com o senhor, posso transferi-lo?", diz um rapaz, ligando diretamente do gabinete do ministro. "Positivo", diz o governador. Ouve-se a tradicional e irritante musiquinha de elevador. "Ilustre ministro", diz Silval Barbosa. Gilmar Mendes, que nasceu em Mato Grosso, parece surpreso com a situação de Silval Barbosa:

"Governador, que confusão é essa?". Começavam ali dois minutos de um telefonema classificado pela PF como "relevante" às investigações. O diálogo foi interceptado com autorização do próprio Supremo - era o telefone do governador que estava sob vigilância da polícia. Na conversa, Silval Barbosa explica as circunstâncias da prisão.

Surrealismo é o mínimo que se pode dizer da iniciativa de um ministro do STF que liga para um preso em flagrante, acusado de corrupção, em inquérito que tramita dentro do próprio STF. Mais surreal ainda é sua camaradagem "muy amiga" de dizer que vai falar com o relator do processo (Dias Toffoli), sobre o caso em tramitação na Casa. Usamos a expressão patrimonialismo para expressar a confusão que se faz da coisa pública com a coisa privada. O patrimonialismo é pai do nepotismo, filhotismo, fisiologismo, parentismo, amiguismo e tantos ou "ismos" mais, que nossas lideranças nacionais (de todos os poderes), em geral, sabem conjugar de cor e salteado. O Brasil conta com avanços civilizatórios em muitas áreas, mas continua aos trancos e barrancos em termos institucionais. Isso decorre, sobretudo, da qualidade das lideranças nacionais, seja do mundo empresarial, seja do mundo político, seja de outros altos escalões da República.

O Brasil é um país carente de exemplaridade. Em tempos de mensalões (do PT e do PSDB), de "petrolão", de licitações viciadas no metrô de SP e tantas outras estrepolias dos políticos brasileiros, oportuno se faz recordar que é na honra e na exemplaridade que reside a missão cívica de todo servidor público. Como bem enfatiza Gomá Lanzón (2009p. 261): "O espaço público está cimentado sobre a exemplaridade, esse é seu cenário mais genuíno e próprio. A política é a arte da exemplaridade". Para se cumprir esse mandamento, o funcionário e o político devem "predicar com o exemplo", porque, no âmbito moral, só o exemplo "predica" de modo convincente, não as promessas, os discursos, os quais, sem a força do exemplo (e da exemplaridade), carecem de convicção, caem no vazio (Gomá Lanzón: 2009, p. 265).

"Que loucura!", diz Gilmar Mendes, duas vezes, ao governador.

Silval Barbosa narra vagamente as acusações de corrupção que pesam contra ele. Gilmar Mendes diz a Silval Barbosa que conversará com o ministro Dias Toffoli, relator do caso. Fora Toffoli quem, dias antes, autorizara a batida na casa do governador. Segue-se o seguinte diálogo:
 
Silval Barbosa: E é com isso que fizeram a busca e apreensão aqui em casa.
 
Gilmar Mendes: Meu Deus do céu!
 
Silval Barbosa: É!
 
Gilmar Mendes: Que absurdo! Eu vou lá. Depois, se for o caso, a gente conversa.
 
Silval Barbosa: Tá bom, então, ministro. Obrigado pela atenção!
 
Gilmar Mendes: Um abraço aí de solidariedade!
 
Silval Barbosa: Tá, obrigado, ministro! Tchau!
 
"Meu Deus do céu":
  
ÉPOCA teve acesso com exclusividade à íntegra do inquérito relatado por Dias Toffoli. É lá que se encontram os áudios transcritos nestas páginas (ouça em epoca.com.br) - e as provas do caso. O inquérito foi batizado com o nome de Operação Ararath - uma referência bíblica ao monte da história de Noé, na qual só os policiais parecem encontrar sentido. Iniciada em 2013, a investigação da PF e do Ministério Público Federal desmontara um esquema de lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e corrupção política no topo do governo de Mato Grosso. O caso subiu ao Supremo quando um dos principais operadores da quadrilha topou uma delação premiada. Entregou o governador e seus aliados, assim como comprovantes bancários. No dia em que Silval Barbosa foi preso, a PF também fez batidas em outros locais. Apreendeu documentos que viriam a reforçar as evidências já obtidas.
 
O grupo político que governava Mato Grosso desde 2008, representado pelo então governador Blairo Maggi, hoje senador, e Silval Barbosa, que era seu vice, usava a máquina do governo para financiar campanhas eleitorais. Empreiteiras com contratos no governo do Estado faziam pagamentos a in­ter­mediários, que por sua vez repassavam dinheiro às campanhas. Esses intermediários eram donos de empresas que funcionavam como pequenos bancos ilegais. Mantinham à disposição do grupo político uma espécie de conta-­corrente. Silval Barbosa foi acusado de articular pessoalmente o pagamento de R$ 8 milhões às campanhas dele e de seus aliados, nas eleições de 2008 e 2010. Há documentos bancários que confirmam o depoimento do delator.
 
Em 2013 Gilmar Mendes disse: "É uma visita de cortesia ao governador. Somos amigos de muitos anos, temos tido sempre conversas muito proveitosas. Fico muito honrado. Faço tudo para que o nome de Mato Grosso seja elevado".
 
Gilmar Mendes desempata julgamento em favor de Éder Moraes
 
"Em sete de outubro, quatro meses após o telefonema de solidariedade a Silval Barbosa, o ministro Gilmar Mendes foi convocado a desempatar um julgamento do inquérito". A Procuradoria-Geral da República pedira ao Supremo que o principal operador do esquema, segundo a PF, fosse preso novamente. Argumentava-se que ele tentara fugir - e tentaria de novo. Trata-se de Éder Moraes. Ele fora secretário da Casa Civil, da Fazenda e chefe da organização da Copa do Mundo em Mato Grosso nos governos de Blairo Maggi e Silval Barbosa; Quatro meses após ligar para Silval, Gilmar deu o voto decisivo para manter livre o operador do esquema. O pedido foi julgado na primeira turma do Supremo, composta de cinco ministros. Meses antes, Toffoli, o relator do caso, votara por mantê-lo em liberdade. Os ministros Celso de Mello e Luís Roberto Barroso avaliaram que não poderiam atuar no caso. Sem declinar as razões, Celso de Mello e Barroso se declararam suspeitos. O ministro Luiz Fux votou com Toffoli, mas os ministros Marco Aurélio Mello e Rosa Weber votaram a favor do pedido do Ministério Público - pela prisão preventiva. O julgamento estava empatado. Faltava um voto. O ministro Gilmar Mendes avaliou que não tinha razões para se declarar impedido ou suspeito de participar do julgamento. Votou contra a prisão do acusado. Foi o voto que assegurou a liberdade de Éder Moraes - que, segundo as investigações, era o parceiro de Silval Barbosa no esquema.
 
"Procurados, os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli disseram que não conversaram sobre o processo. ÉPOCA enviou ao ministro Gilmar Mendes cópia do diálogo interceptado pela PF. Em nota, o ministro negou qualquer conflito de interesses ao participar do julgamento do operador. Também não viu problemas no teor do telefonema de solidariedade ao investigado. "Ao ser informado pela imprensa sobre a busca e apreensão na residência do então governador do Estado do Mato Grosso, com quem mantinha relações institucionais, o Min. Gilmar Mendes telefonou ao Governador Silval Barbosa para verificar se as matérias jornalísticas eram verídicas", diz a nota. A assessoria do ministro disse ainda que ele usou as expressões "que absurdo" e "que loucura" como interjeições, sem juízo de valor. Gilmar Mendes preferiu não fazer nenhum comentário adicional sobre o assunto (...) No Supremo, após a decisão que manteve solto o homem acusado de ser o principal operador do esquema, o inquérito contra Silval Barbosa e Blairo Maggi tramita lentamente".
 
As quatro instituições que constituem a base de uma nação próspera são: (a) Estado/democracia, (b) mercado capitalista competitivo, (c) império da lei e (d) sociedade civil cidadã. Tudo tem que funcionar bem para que o país possa se desenvolver, crescer e prosperar. O país em que essas instituições funcionam precariamente (é o caso do Brasil), no máximo, configuram uma frágil e esgarçada democracia eleitoral, que é mero pressuposto da democracia cidadã. Num país de democracia cidadã o conúbio entre o mundo empresarial, político e judicial é expurgado prontamente. Na Suécia, um primeiro-ministro deu uma conferência numa Universidade nos EUA sem cobrar e depois acertou uma bolsa de estudos para seu filho. Teve que pagar ao erário público o quantum de que se favoreceu (por ter usado o cargo público para ajudar seu filho) e ainda foi banido do governo. Em país civilizado e, portanto, cidadão, os ministros e os juízes não brincam com fogo (porque sabem que vão se queimar).

http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Principios-Fundamentais/Gilmar-Mendes-flagrado-brinca-com-fogo/40/32861