Relembrando - Essa estória de que o FPM diminuiu começou a ser contada por alguns
prefeitos e prefeitas há mais ou menos 12 anos, ainda sem contar, aparentemente,
com a participação da Associação dos Municípios Alagoanos.
Há
cerca de 12 anos, como facilitador do “Curso de Cidadania”, viajava pelas
regiões do Alto e do Médio Sertão, e trabalhava - e trabalho - em Santana do
Ipanema, quando ouvia a rádio Milênio, em Santana do Ipanema, que transmitia uma
entrevista no programa “Liberdade de Expressão”, em que algumas administrações de
municípios sertanejos começam a espalhar que os mesmos estavam “quebrados”.
Também naquela época, apesar de já obrigados, não mostravam a prestação de
contas.
Naquela
época, a então Prefeita de Olho d’Água das Flores (Ester Damasceno, que é
também a atual) e o então Prefeito de Poço das Trincheiras (Gildo Rodrigues,
que também é o atual) disseram que o respectivo FPM (Fundo de Participação do
Município) não havia diminuído. E, como já consignado em outros textos, até
haviam aumentado. A prefeita Ester disse: “o dinheiro até aumentou. Pouco, mas
aumentou, apesar de não dá para pagar as despesas” e o Prefeito Gildo,
respondendo a objetiva pergunta do radialista Flávio Henrique, sobre se o
dinheiro tinha aumentado ou diminuído, também respondeu “aumentou!”.
Também
naquela época, a Ongue de Olho em São Sebastião, que continua a fazer o
acompanhamento dos recursos daquele Município da região Agreste, divulgou texto
em que negava a diminuição do FPM naquele Município e que a mesma coisa
acontecia com os demais. Em nenhum município havia redução, quando comparados
os exercícios, atual e anterior. Então, já indagava: “[...] por que cada
prefeito não mostra a prestação de contas?”. Com o acesso à prestação de
contas, a população de cada município poderia verificar quanto dinheiro era ou
é arrecadado e como ele era ou é gastado.
Posteriormente,
quando da gestão de Luciano Barbosa, ex-prefeito de Arapiraca e atualmente
eleito vice-governador, a Ama passou a fazer parte da estória. Gastava dinheiro
público para distorcer a verdade dos fatos e desinformar a população. E essa
ilegal e ilegítima participação da Ama na estória continuou e continua. Se os
ministérios públicos, como algumas promotorias de justiça fazem, e o Tribunal
de Contas Estadual agissem, os ex e os atuais gestores da Ama já haveriam sido
punidos, por uso ilegal e ilegítimo de recursos públicos de “falidos”
municípios para propagandear inverdades e não ações e atitudes de real
interesse público.
Bem...
De lá para cá, praticamente virou unanimidade e tornou-se comum a prática de
possível crime contra a administração pública ou, no mínimo, crime de
responsabilidade. E por que não claro ato de improbidade administrativa?
Mas..
Partindo-se
para o objetivo deste texto, autopergunta-se:
“O FPM diminuiu ou não?”, responde: Não! O FPM não diminuiu em
nenhum município, quando comparado os mesmos períodos de 2013 e de 2014, conforme informado por gestores na matéria: “Com
redução no repasse do FPM, prefeitos alagoanos são obrigados a demitir
funcionários e cortar salários”, publicada
no portal CadaMinuto, em http://cadaminuto.com.br/noticia/258668/2014/11/01/com-reducao-no-repasse-do-fpm-prefeitos-alagoanos-sao-obrigados-a-demitir-funcionarios-e-cortar-salarios, este Foccopa, dá seguimento a textos anteriores,
em especial ao mais recente: “Viçosa2014-DINHEIROS DE VIÇOSA NÃO
DIMINUÍRAM E A CAUSA DO DESCALABRO É MÁ GESTÃO MESMO, HÁ MUITO DENUNCIADA”, que tem o subtítulo: “É MENTIRA!
DINHEIROS DE VIÇOSA NÃO DIMINUÍRAM”, publicado no blogue
deste Foccopa em http://fcopal.blogspot.com.br/2014/10/vicosa2014-dinheiros-de-vicosa-nao.html, e também divulgado no feicebuque,. Passa,
então, a fazer algumas comparações da variação do dinheiro do FPM e dos totais
de alguns outros dinheiros dos municípios mencionados na reportagem, nos
períodos de janeiro a setembro de 2013 e de 2014, publicados no portal da
Secretaria do Tesouro Nacional, em . http://www3.tesouro.gov.br/estados_municipios/municipios_novosite.asp?UF=AL&ANO=%&MES=%&UNDOS=TODOS&ORMATO=TELA, conforme tabela1, abaixo:
Tabela1–Total
de alguns dinheiros repassados só pela STN, no período de janeiro a
setembro de 2013 e de 2014; nos montantes abaixo faltam todos os demais
dinheiros arrecadados por cada município.
Municípios
|
Montante dos dinheiros de janeiro a setembro de
2013 e de 2014
|
Montante só do FPM de janeiro a setembro de 2013
e de 2014
|
||
2013
|
2014
|
2013
|
2014
|
|
Igaci
|
18.263.395,77
|
20.723.465,52
|
9.231.078,57
|
9.782.735,38
|
Arapiraca
|
106.130.244,53
|
118.316.831,24
|
46.824.465,43
|
50.215.763,30
|
Pão de Açúcar
|
18.250.072,20
|
22.734.113,18
|
8.882.403,53
|
9.782.735,38
|
Viçosa
|
18.869.833,17
|
21.028.286,01
|
9.152.271,91
|
9.782.735,38
|
Maceió
|
317.295.369,54
|
353.926.704,63
|
217.507.603,31
|
242.667.263,83
|
São Sebastião
|
24.921.791,06
|
28.826.831,74
|
10.504.310,63
|
11.180.269,02
|
Além
desses valores de janeiro a setembro, na tabela2 abaixo, você pode ler e
comparar também quanto foi repassado
pela STN, apenas no mês de outubro de 2013 e de 2014, conforme publicado pelo
Banco do Brasil S. A., em https://www42.bb.com.br/portalbb/daf/beneficiario.bbx?cid=828.
Tabela2–Valor do FPM e do montante repassado só pela STN, apenas no mês
de outubro de 2013 e de
2014, para você comparar e não se deixar ludibriar.
Municípios
|
Total dos dinheiros de outubro de 2013 e de 2014
|
Só o FPM de outubro de 2013 e de 2014, já feitas
as deduções das dívidas
|
||
2013
|
2014
|
2013
|
2014
|
|
Igaci
|
2.008.339,91
|
2.108.130,74
|
1.027.644,68
|
1.068.826,08
|
Arapiraca
|
11.721.383,01
|
12.003.591,82
|
5.282.555,44
|
5.486.391,60
|
Pão de Açúcar
|
2.127.345,42
|
2.454.473,75
|
880.838,29
|
1.068.826,08
|
Viçosa
|
2.230.726,89
|
2.297.341,06
|
1.027.644,68
|
1.068.826,08
|
Maceió
|
36.788.929,93
|
39.564.658,78
|
24.292.526,73
|
26.512.942,68
|
São Sebastião
|
2.886.638,45
|
3.062.048,01
|
1.174.451,03
|
1.221.515,51
|
Enfatiza-se,
como exemplo, dois municípios. Um da região Agreste, São Sebastião, e outro da
região do Médio Sertão, Pão de Açúcar. Em São Sebastião, sede deste Foccopa, em outubro de 2014, apenas o total de repasses feitos pela STN no
Banco do Brasil foi de R$3.062.048,01.
Neste total, só o FPM foi de R$1.221.515,51,
mesmo após sofrer as consequências dos descasos administrativos, que resultaram
no desconto das parcelas de dívidas, previdenciária, FGTS e Pasep, no importe
de R$48.902,05, que não foram pagas pela administração nas
época próprias. Se não tivesse sofrido o desconto, em outubro só o FPM somaria R$1.270.417,56.
Moral da história: Não só o FPM aumentou, mesmos após sofrer maior
desconto, mas também aumentou o conjunto dos repasses, quando comparados com o
mesmo período de 2013, como tu podes ler abaixo.
Em outubro de 2013, o total de repasses R$2.886.638,45. Neste total, só o FPM foi de R$1.174.451,03. Mesmo após os descontos das parcelas das
dívidas previdenciária, Pasep e FGTS, no importe de R$28.175,93. Sem as dívidas, o FPM seria de R$1.202.626,96.
Em
todos os municípios alagoanos o panorama é o mesmo, especialmente em Pão de Açúcar, município administrado pelo Presidente da
Associação dos Municípios Alagoanos (Ama), Jorge Dantas, professor da Ufal.
Analisando os valores você pode refletir sobre a situação abaixo descrita e se
perguntar sobre o porquê da Ama usar dinheiro público para distorcer a verdade
e enganar a população.
Porém
não sabemos se os ministérios públicos e o Tribunal de Contas Estadual acham
isso regular – e até não criminoso – mas temos notícias que mesmo em Alagoas e
também em muitas comarcas do Brasil promotorias de justiça têm aberto inquérito
civil público para apurar a veracidade os fatos.
Pão
de Açúcar, histórico município, localizado à margem esquerda do Rio São
Francisco, no sentido nascente-foz, na região alagoana do Médio Sertão, apenas em outubro de 2014, recebeu dinheiros repassado pela STN no montante
de R$2.454.473,75 e só o FPM foi de R$1.068.826,08, após as deduções de dívidas de R$28.155,54, que parecem ter virado lei com a conivência
das câmaras municipais. Em outubro de 2013,
o montante foi de R$2.127.345,42
e só FPM somou R$880.838,29, mesmo tendo sofrido as deduções de R$24154,80.
Até recentemente,
a maioria dos prefeitos e a Ama falavam da redução do FPM, enfatizando apenas a
oscilação mensal do FPM quando ela é para menos. Mas dos últimos tempos para
cá, absurdamente, vêm enfatizado a redução até quando o valor do FPM oscila
para mais.
No entanto, algumas
perguntas poderão dar o norte das respostas: Será que na última campanha
eleitoral para prefeito disseram ao eleitorado e à população em geral que os
recursos municipais eram poucos - e até estava sendo reduzido o FPM - ou mesmo
que não sabiam administrar e menos ainda fazer planejamento administrativo? Será
também que disseram que iriam silenciar sobre todos os demais dinheiros
municipais, oriundos dos impostos diretos e indiretos, como os dinheiros arrecadados
no próprio município, por intermédio do IPTU, ISS, ITBI, taxas, outras receitas
correntes, contribuições, econômicas e sociais, receitas patrimoniais, imposto
de renda de servidores municipais, receitas de capital etc., bem como sobre
todos os demais dinheiros repassados pelo governo nacional e pelo governo
estadual? Que iriam cometer crime, ao descumprirem as normas e os princípios da
transparência administrativa? Que usariam os "reduzidos" recursos municipais
para pagarem vasta publicidade, quase sempre apenas promocional e não
educativa, mesmo sem nenhuma determinação orçamentária, aprovada pela câmara
municipal? Será que fizeram propaganda dizendo que não cumpririam os artigos
48, 48-A e 49 da Lei de Responsabilidade Fiscal e praticamente todo o Estatuto
da Cidade? E apenas para complementar as perguntas anteriores, será que algum
candidatura ao cargo de parlamentar informou que violentaria o artigo 44, do
Estatuto da Cidade, quanto à proibição impostas à câmara municipal de aprovar
projeto de lei municipal para o qual não tivesse havido audiências públicas, convocadas
pelo próprio Legislativo e as de obrigação do Executivo?
Aliás
- é bom frisar - quanto à Lei de Responsabilidade Fiscal, ela é sempre
lembrada, desde que seja para justificar a má gestão, o não cumprimento das
promessas da campanha eleitoral, negar aumento salarial a servidores e até
mesmo para enganar a aliados eleitorais e/ou políticos.
Quanto
a alguns dos dinheiros repassados pelo estado, que os prefeitos não dizem nem
aos céus, compare quanto o Estado de Alagoas mandou para cada um dos municípios
citados, de janeiro a outubro de 2013
a 2014:
Tabela3–Montantes repassados
pelo Estado, no período de janeiro a outubro de 2013 e de 2014., referentes apenas ao ICMS, IPVA, royalties e
IPI, afora os outros recursos que o Estado pode transferir e que podem ser
verificados na prestação de contas de cada ano. Esses dinheiros também já
aumentaram no período, mesmo considerando-se que os valores de 2014 são apenas
até 18 de outubro desse ano.
Município
|
Total
de janeiro. a outubro de 2013 e de 2014
|
|
De
janeiro a 31 de outubro de 2013
|
De
janeiro a 18 de outubro de 2014
|
|
Igaci
|
1.404.284,55
|
1.544.284,24
|
Arapiraca
|
27.421.875,11
|
29.161.640,73
|
Pão
de Açúcar
|
1.815.300,99
|
1.901.663,19
|
Viçosa
|
2.123.548,61
|
2.244.194,23
|
Maceió
|
174.048.306,46
|
178.213.640,42
|
São
Sebastião
|
2.785.891,57
|
3.010.340,89
|
Finalmente, o FPM - também conhecido como uma das transferências
constitucionais - é a divisão do montante arrecadado do direto imposto sobre a
renda (IR, pago por pessoas, física ou jurídicas) e do indireto imposto sobre produtos
industrializados (IPI). A cada mês o governo nacional transfere ou repassa para
os municípios o equivalente a 22,5% das receitas geradas pelo IPI e pelo IR,
referentes aos 10 dias (decênio) anteriores. No entanto, no mês de dezembro,
repassada mais 1% dos referidos montantes do ano inteiro, totalizando, então,
23,5%, anualmente.
Algo no IPI é muito interessante e polêmico. Os prefeitos, muitos
deles ex-deputados nacionais ou senadores, querem aumentar o FPM, mas silenciam
da população que querem acabar com as "desonerações" (redução ou
isenção) do IPI de veículos e da chamada "linha branca" (eletrodomésticos).
Essas desonerações, mesmo com verdadeiro questionamento de
polític@s da esquerda, geraram um aumento em menor percentual do
"bolo" do IPI, mas também possibilitaram ao Brasil enfrentar a crise
do capital neoliberal e a permitir que muitas pessoas comprassem o seu veículo
e o seu eletrodoméstico, fazendo aumentar a arrecadação do ICMS (imposto
estadual, mas que cada município recebe 25% ou 1/4 de sua arrecadação) e as
taxas de licenciamento e de emplacamento, pagas a cada Detran no Brasil afora.
Esse é um dos motivos da arrecadação anual sempre aumentar muito, mesmo com o
aumento em percentual menor do FPM. Como disse-nos, meio incrédula, uma
professora do povoado Bálsamo em Arapiraca: "Se for mesmo assim, o governo
tira com uma mão e dá com a duas!"
E você que teve a disposição de lê este texto, acha o quê?
Obrigado, por ter lido!
Produção:
Fórum de Controle de Contas Públicas em Alagoas (Foccopa)
Contatos: Imeio: fcopal@bol.com.br
– Bloque: fcopal.blogspot.com
Redação:
Paulo Bomfim e Mateus Henrique
Fontes:
Imprensa em geral, Secretaria do Tesouro Nacional, Banco do Brasil s. A. e TCU
Data:
02-11-2014 - Verão de 2014
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